sábado, 19 de novembro de 2011

A formação de valores do futuro desportista, qual o verdadeiro papel da escola?

Analisando o esporte e sua relação com o ambiente escolar, nos deparamos com uma situação polêmica que gera um desconforto entre muitos teóricos da Educação Física. Enquanto disciplina escolar presente na formação básica, essa disciplina carrega consigo uma grande responsabilidade sobre valores, objetivos, conflito este que se origina na sua entrada no ambiente escolar. Entre os postulados que regem o esporte, considero o fair play que se encontra vinculado ao aspecto da ética, talvez seja o que melhor traduz que: perder é possível, desistir não. Quando damos o melhor e perdemos ficamos satisfeitos, penso que seja a base da formação e a justificativa da presença do esporte na escola.
A educação pela reciprocidade faz com que a formação individual ocorra sempre em função do grupo e do adversário, a prática esportiva escolar se confirma somente com a presença deste conflito e do respeito entre as partes. No papel do oponente, o respeito aflora e surge o entendimento de que o vitorioso e o derrotado são condições instantâneas inseridas no cenário esportivo, e que podem mudar de posição em pouco tempo, sem o adversário, a prática do esporte torna-se impossível.
Embora as palavras treinar, competir, vencer, estejam sempre presentes no cotidiano daqueles que praticam esporte ou que o vislumbram como grande possibilidade de sucesso, a educação não pode ser orientada pelo paradigma que simplesmente dá ênfase apenas a eficiência (Gadotti,1997). Ele diz que a educação é muito mais do que a instrução, no entanto, não podemos abrir mão da mesma e cairmos em uma condição do famoso “rola-bola”.
Com Freire (1992), encerro essa análise quando este se refere a competição entre crianças defendendo que os professores realmente preocupados com o desenvolvimento das características humanas ao invés  de tentar eliminar o caráter competitivo das competições deveriam buscar compreende-lo e utilizá-lo para refletir as relações. Partindo de suas idéias parece ser mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do que nunca ter competido.
O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele. Immanuel Kant

Para ler mais sobre o assunto recomendo:
FREIRE J.B. Educação de corpo inteiro: teoria e pratica da educação física. 3º edição São Paulo: Scipione, 1992.

DE ROSE JR, Dante. A criança, o jovem e a competição esportiva: considerações gerais. In: DE ROSE JR, Dante (organizador). Esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Um comentário:

  1. Educar corpo e mente: tema de grande relevância no ambiente escolar. Respeitar a posição do outro (vencedor ou derrotado) é atitude imprescindível para os jovens de todos os tempos, e que precisa ser aprendida e praticada. Associado a isso, conhecer, respeitar e superar as próprias fragilidades e limites são condições de bem estar e vida mental saudável.

    A competição ética, além de desenvolver habilidades físicas e motoras, possibilita a educação de sentimentos e emoções, o respeito ao outro e a si mesmo.

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Quem sou eu

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Formado em E.Física pela U.F.V.(95), especialista em treinamento desportivo (UGF/02), Mestre en ciencia del deporte (Facultad de Cultura Fisica de Matanzas-Cuba/2011). Apaixonado pelos estudos e investigações que envolvem as Ciências do esporte. Coordenador Técnico da Bioforma Academia & Personal Trainning ( João Monlevade). Professor da E.M. Cônego J. Higino de Freitas.