segunda-feira, 16 de julho de 2012

Superdotação motora: um processo de inclusão necessário


A superdotação é um fenômeno que desperta bastante interesse por parte de pesquisadores e por mais que possa ser polêmico destacar tal condição nas escolas, esta condição sem dúvida encanta a qualquer professor.

Segundo Alencar (2001), na atualidade tem ocorrido um interesse crescente pelo superdotado ou talento, termo que em vários estudos é utilizado como sinônimo. Pode ser denominado talento aquele que se destaca por uma habilidade superior ou inusitada para uma pessoa de sua idade, ou por um desempenho excepcional, reflexo de suas habilidades e aptidões.

Segundo as Leis de Diretrizes e Bases do Conselho Nacional de Educação Especial, são consideradas crianças superdotadas e talentosas as que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual superior; aptidão acadêmica específica; pensamento criador ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes visuais, artes dramáticas e música e capacidade psicomotora. Renzulli (1986) propõe uma definição de superdotação é baseada na concepção dos três-anéis, que sugere o entrelaçamento de três fatores: habilidade acima da média, envolvimento com a tarefa e criatividade. Cada um desses fatores exerce um papel importante na identificação de comportamentos superdotados.

Para se explicar o desenvolvimento humano, pode-se recorrer a três hipóteses ( La Taille,1984) a primeira delas afirma que as características comuns dos individuos estão pré-programadas, dependendo quase exclusivamente do processo de maturaçao. Na segunda hipótese elas são consequência do processo de aprendizagem, fruto do meio social em que se vive. A terceira baseia-se na construção realizada pelo ser humano a partir de suas experiências sofrendo influencia da herança hereditária e do seu ambiente.

Tais condições motoras e psíquicas atreladas ao comportamento motor presentes no talento podem estar presentes em algumas pessoas, em determinados momentos e sob determinadas circunstâncias, portanto o processo de socializaçao sob o qual a mesma é submetida pode ser de fundamental importancia para o despertar dessas potencialidades. A confirmação de suas reais potencialidades, a confirmação do talento,  ocorrerão na medida em que suas relações sociais se tornem mais amplas, seja por meio de mudança de meio ou atraves de maiores exigências por competitividade. Para que um talento esportivo escolar se confirme como talento  no meio municipal, estadual, nacional e internacional se faz necessária uma grande mobilização de todos os envolvidos no processo, a começar pela escola, passando pela família e demais autoridades envolvidas com o desporto escolar.

A participaçao de uma criança em competições esportivas depende exclusivamente do seu estado de prontidão sendo que este se encontra ligado a fatores como períodos ótimos para aprendizagem, a capacidade de verificação e intervenção do professor é fundamental para a detecção do momento ideal.

É o professor que, através do contato diário com o aluno, pode perceber sinais de um potencial superior e, assim, fazer uma primeira identificação desse indivíduo. Daí para frente, as relações estabelecidas com esse aluno serão de fundamental importância para o seu desenvolvimento. Nesse momento, a política de atendimento adotada pela escola poderá incentivar ou podar esse desenvolvimento. Programas de enriquecimento, estratégias de ensino e clima de sala de aula serão marcos na educação do aluno superdotado. Independentemente de seu potencial, todos os indivíduos presentes nas escolas e demais centros de formaçao esportiva devem percorrer determinadas fases no processo de formação esportiva. Segundo a literatura (BOMPA, 2001; GRECO, 2000; WEINECK, 1999) o processo de formação esportiva deve se preocupar com uma iniciação básica geral que procure desenvolver todas as capacidades e habilidades motoras básicas, priorizando um trabalho multilateral e variado até aproximadamente 11/12 anos de idade (início da primeira fase puberal - pubescência). A fase seguinte seria a especialização ou formação específica que consiste em treinamento físico, técnico e tático específico para a modalidade escolhida, a partir dos 13 anos de idade aproximadamente (segunda fase puberal). A fase de alto rendimento seria a estabilização e aprimoramento dos aspectos desenvolvidos na fase anterior com o objetivo de performance, recomendado para a fase final da adolescência.  De acordo com Greco (2000) a confirmaçao do trabalho ocorrerá na fase de orientação que sob a base da iniciação básica geral, pode-se começar com a orientação técnica de duas modalidades esportivas, de preferência complementares. Na fase de direção as crianças e adolescentes que não têm potencial para o esporte de alto rendimento devem ser orientadas para que o utilizem como forma de lazer e saúde.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Dia Mundial da Atividade Física

Dia 6 de abril é o Dia Mundial da Atividade Física. Nos dias atuais sabemos ser quase impossível viver de forma sedentária em razão dos números apresentados, dos meios de comunicação, no entanto o sedentarismo ainda assola grande parte da nossa população. Hoje quero pensar nas crianças por acreditar que a base da atividade física consciente deva ocorrer na infância, não somente pelos estímulos dos pais nas escolinhas desportivas e clubes, mas, sobretudo pela (in)formação que deve partir por parte dos profissionais embutidos nos centros de educação sejam formais ou  informais. Que nesse dia ao contrario de ações que sirva para os profissionais de Educação Física refletirem suas práticas, e analisarem o que tem feito para a verdadeira mudança do cenário atual dos quadros de saúde das nossas crianças e jovens amantes ou não da atividade física. Agregar cada dia mais nossos alunos a programas regulares de atividade física é fundamental, pois, estar ativo fisicamente é um elemento chave para a longevidade.  A atividade física regular pode ajudar também no alcance e manutenção de um peso saudável e diminuir o risco de doenças crônicas e cardíacas, além de melhorar o humor e auto estima.

domingo, 1 de abril de 2012

Capacidades e habilidades motoras II....

O elemento central no processo de aprendizagem escolar é a transmissão do conteúdo a ser ensinado, no caso da Educação Física, muito se discute a cerca dos métodos, entretanto merece a mesma atenção o momento ideal para a sistematização do aprendizado. As atividades físicas nas escolas desenvolvem a agilidade, coordenação, flexibilidade, potência muscular e resistência cardiorrespiratória, sociabiliza e melhora o rendimento escolar, no entanto a grande dúvida que surge é como direcionar os corretos estímulos as determinadas fases de desenvolvimento da criança e do adolescente. É preciso prestar atenção em alguns aspectos.
A partir da teoria de estágios GALLAHUE fica claro que o desenvolvimento é caracterizado por alguns princípios: o da universidade, onde, todos os indivíduos passam pelos mesmos estágios, sendo comuns a toda espécie humana; o da intransitividade em que os estágios são sequenciais e que o desenvolvimento tem uma ordem que não pode ser alterada, podendo o tempo de permanência em cada estágio variar de indivíduo para indivíduo e de cultura para cultura; e por fim, o princípio de hierarquia, em que o estágio subseqüente incorpora o anterior.
A fase pré-escolar deve favorecer ao aluno uma ampla bagagem de movimentos, sem que haja exigência de um padrão ideal, caracterizando assim um sistema totalmente aberto, isto é: neste momento não existe a execução errada. Nesta fase, denominada de estimulação motora, o padrão de movimento deve ser tomado apenas como estímulo para que a criança construa seu próprio plano motor. Atividades básicas de deslocamento, equilíbrio, esquema corporal, relação espaço-temporal, entre outras são próprias e devem, preferencialmente, ser apresentado em formas jogadas, tipo de jogos de imitação e perseguição.
Fase universal abrange dos 6 aos 12 anos, a freqüência das atividades não deve ultrapassar três vezes na semana, para não interferir em outro interesse e necessidade que a criança possa manifestar. Conforme Greco & Benda (1998) nesta fase a criança encontra com as habilidades básicas de locomoção, manipulação e estabilização em refinamento progressivo, podendo assim, participar de um numero maior e mais complexo de atividades motoras. Colocam que as crianças de 6-8 anos devem trabalhar com jogos de perseguição, estafetas, dentre outros. Já com crianças de 8-10 anos, pode-se começar a desenvolver jogos coletivos, através de pequenos jogos (reduzidos), jogos de iniciação, grandes jogos e em alguns casos, jogos pré-desportivos. É importante ressaltar que o processo de ensino-aprendizagem-treinamento das capacidades físicas nesta fase, deve, impreterivelmente, estar adequado ao nível de desenvolvimento e de experiência da criança que MARTIN
(1991) denomina de “fases sensíveis”.
A fase de orientação que se inicia por volta dos 11-12 anos e abrange até os 13-14 anos. A freqüência recomendada é de 3 encontros semanais. Segundo Greco & Benda (1998), é neste momento que inicia a automatização de grande parte dos movimentos, liberando a atenção do praticante para a percepção de outros estímulos que ocorrem, simultaneamente, à ação que está sendo realizada. Partindo do nível de rendimento alcançado na fase anterior, deve-se procurar o desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades físicas e técnicas observando quais são as exigências que se apresentam em cada um nessa fase. Aqui o jogo em qualquer forma de organização (jogos de iniciação, pré-desportivos, grandes jogos, jogo recreativo, entre outros), tem um sentido recreativo, porém possui um alto valor educativo, pois serão estabelecidas as bases para uma “ação inteligente”.
Fase de direção por volta dos 13-14 anos e abrange os 15-16 anos. Pode-se começar com o aperfeiçoamento e a especialização técnica em uma modalidade desportiva. É importante destacar a necessidade de que o jovem realize e participe de duas ou três modalidades esportivas, preferentemente complementares, ou seja, daquelas nas quais não existam fatores que possam interferir no processo de transferência de técnica. Destaca-se a importância do processo de ensino-aprendizagem-treinamento, onde varias modalidades esportivas sejam oferecidas à criança, e não a “escolinha” de um único esporte ou atividade repetitiva nas “temporadas” ou na aula de educação física formal que levam à especialização precoce e não permitem concretizar o princípio da “variabilidade da prática”, conceito que é de fundamental importância para o desenvolvimento de habilidades motoras e do treinamento técnico-tático. Dentro das atividades educacionais ma escola, o esporte deve ser orientado para a participação, a integração e a sociabilização.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Capacidades e Habilidades Motoras I...

Capacidades e habilidades motoras I...
A educação física na escola se caracteriza por buscar o desenvolvimento e o aprimoramento de habilidades motoras, tendo como referência de partida para esse estudo o capítulo 5 da obra organizada por Böhme (2011) em que Ré & Bojikian, contribuem em dizer que o pleno desenvolvimento das habilidades motoras está veiculado a necessária aquisição das capacidades motoras. Tal necessidade de requisição depende de 3 fatores: características do executante, características do contexto e as características da tarefa a ser executada. Segundo os autores a execução das habilidades motoras depende das capacidades motoras condicionais (metabolismo energético), das capacidades motoras coordenativas (organização e controle de movimento) e do conhecimento cognitivo (tomada de decisão). Para Barbanti (1996), aquelas essenciais na eficiência do metabolismo energético são as capacidades condicionais de resistência, resistência-força, velocidade e flexibilidade; e as capacidades coordenativas que dependem de conduções nervosas e da condição em organizar e regulares o movimento, como a diferenciação sensorial, a observação, a representação, a antecipação, o ritmo, a coordenação motora, o controle motor, a reação motora e a expressão motora. A ação motora enquanto solução de um problema motor pode ser determinante para o sucesso a ser alcançado em um esporte, ou seja, a execução correta do fundamento esportivo dentro de certos padrões predeterminados. O ensino do esporte assim como demais gestos motores envolvidos no contexto escolar passam por essa problemática. As capacidades coordenativas se exploradas e trabalhadas convenientemente permitem processar informação de forma mais complexa e especializada melhorando o repertório motor, permitindo uma resposta mais rápida e com um menor dispêndio energético. Neste contexto surge na Escola através da Educação Física como espaço privilegiado, para um trabalho variado de experiências motoras que permitam uma melhoria da coordenação motora e consequentemente do desenvolvimento global. Esses programas de iniciação esportiva não podem limitar-se apenas a formar atletas, mas sim auxiliar a criança na sua formação global, como, por exemplo, nos aspectos: social, moral, cognitivo, cultural, além de outros. A correta aquisição das capacidades condicionais depende fundamentalmente do processo de maturação biológica, o que vem a confirmar a importância da variada e intensa aplicação de estímulos coordenativos que serão fundamentais na futura aquisição de tais elementos. Apoiado em Meinel e Schnabel (1984), Weineck (1999) o estímulo dos diferentes analisadores dos estímulos embora sejam utilizados nas escolas muitas vezes de forma totalmente "imperceptível e intencional" deveriam ser mais bem explorados.  Os cinestésicos - existentes nos músculos, tendões, ligamentos e articulações;  táteis - através de receptores existentes na pele; vestibulares - ouvido interno que informam sobre as mudanças na direção, aceleração e velocidade;  visuais - informam sobre a percepção da distância, dos movimentos próprios e de outras pessoas; e dos acústicos - relacionados com os estímulos através dos sons. Segue abaixo a dica de vídeos que podem em muito contribuir com esse trabalho, e a indicação bibliográfica para ampliação de estudos.
Bohme M.T.S. ( Org.) Esporte infantojuvenil: treinamento a longo prazo e talento esportivo. Phorte editora. 2011
Links dos vídeos da Escola Nacional dos treinadores de Basquetebol – Prof. Flávio Davis.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Bases para a detecção de talentos esportivos... Um início de uma boa prosa...

No meio esportivo, a identificação do talento é baseada na maioria das vezes por aspectos de natureza subjetiva dos técnicos e professores envolvidos no processo de seleção. Os critérios estabelecidos e utilizados, assim como a sua eficácia, nem sempre são devidamente conhecidos. Ainda que a predição do desempenho seja atraente, existem poucas evidências de qualquer critério científico que sirva de base para predizer o futuro no que se refere ao desempenho esportivo. Em contraposição, a capacidade de “enxergar” o talento esportivo desde idades iniciais, por parte dos profissionais envolvidos neste processo, não pode ser subestimada. Bohme cita em seus estudos sobre o processo de confirmação do talento, e que segundo ela essa etapa deve ocorrer a nível local (meio ambiente do próprio individuo) e assim expandir para as demais esferas sociais, municipais, estaduais, nacionais e internacionais. De acordo com Prudêncio (2006), a descrição da detecção de talentos desportivos faz parte de um conjunto de circunstâncias que devem ser analisadas levando-se em consideração as complexidades inerentes ao fenômeno biológico de um ser humano. Questões ligadas a sua individualidade biológica, podem agir de forma positiva podendo apresentar-se de maneira determinante ou não, quando exposto a condições de treino facilitando os mecanismos de adaptação ou momentos competitivos onde sua atuação poderá ou permitirá que o resultado desportivo seja modificado. Para Noce (2006) os traços psicológicos também definidos geneticamente na pessoa denominada talentosa devem fazer parte da análise, assim como o aspecto da liderança conferindo-lhes a estabilidade requerida para a prática do desporto competitivo. Família, ambiente social seriam alguns desses fatores que atuam de maneira positiva para a formação e da personalidade, que futuramente irão contribuir para obtenção de altos rendimentos desportivos; incluindo-se entre esses traços: aquisição de valores, encorajamento, combatividade, controle emocional, alta concentração e capacidade para mantê-la por período prolongado, assim como determinação para superação de limites (Vilani, Samulski, 2002), porém os mesmos autores atentam para o fato de que a família pode afetar de forma negativa gerando alta exigência,regras rígidas e expectativas irreais.
Em esportes como a ginástica artística, cujos gestos dependem de técnicas que, em função de padrões normativos elevados, exigem características físicas particulares se faz necessário direcionar o trabalho de forma diferenciada para as crianças que pretendam ou que possuam condições de atingir o alto rendimento não sejam superestimadas e nem mesmo ignorar as que irão praticá-la como forma de lazer. Este poderia ser apontado como um dos aspectos freqüentemente negligenciado quando se fala em seleção de talentos – na verdade, esse processo não ajuda apenas a identificar o potencial atlético de futuros atletas, mas também a adequar o trabalho àqueles que não o possuem, evitando sobrecargas demasiadas em crianças que poderiam estar praticando o esporte sem fins competitivos. Em outras palavras, a seleção de talentos torna mais fácil realizar o trabalho correto com a pessoa certa. (Albuquerque e Farinatti 2007).
A forma como será conduzido este processo poderá definir a presença ou não deste nas demais etapas do processo de formação que poderão conduzi-lo as categorias superiores, meta da maioria das crianças e adolescentes que se inserem em tais programas.
Massa et al (1999) atenta para o fato que informações  importantes sobre o comportamento e evolução das variáveis antropométricas, metabólicas, neuromotoras e psicossociais interferentes  e relacionadas ao esporte durante os processos de crescimento e desenvolvimento são escassas  assim como a influência do treinamento nos atletas desde as categorias de base até a principal   dificultando  assim  elaboração de métodos mais sistemáticos e objetivos no processo de treinamento a longo prazo.
No Brasil o empirismo que cerca a seleção de talentos no esporte, principalmente no futebol, usa-se muito mais ou apenas a experiência dos seus observadores, caça-talentos, olheiros, treinadores na sua maioria ex-atletas sem qualquer formação científica. Neste caso a identificação dos talentos ocorre de forma desconhecida da comunidade científica, podendo ocorrer de maneira totalmente aleatória (sorte ou indicação), porém esta deveria e/ou poderia ser pautada de certos índices, marcas, caracteres.
Böhme (1994) denomina “talento” a pessoa que possui uma aptidão específica por meio de condições herdadas ou adquiridas, apresentando-se acima da média em determinado campo de ação ou aspecto considerado, a qual é possível ser treinada e desenvolvida. Para Weineck (1991) “talento é uma vocação marcada em uma direção, que ultrapassa a média, que ainda não está completamente desenvolvida”. KISS et. al (2004) definem “Talento como o resultado individual de um processo dependente das relações temporais existentes entre as disposições genéticas, a idade  relacionada com a fase do seu desenvolvimento, as exigências de desempenho esportivo no treinamento, assim como de qualidades psicológicas”.
Vieira e Vieira (2001) afirmam que, a confirmação do talento necessita de um forte empenho na preparação esportiva e esta não se realiza sem um conjunto de condições sociais que suportam o envolvimento das crianças e jovens no esporte e na preparação esportiva visando o alto rendimento. O ambiente familiar e o empenho dos pais para a experiência desportiva dos filhos parece ser, entre essas condições sociais, uma das principais. O processo de detecção e seleção de talentos deveria ser mais cuidadoso com relação a esses aspectos. O indivíduo que passa pelo mesmo pode apresentar desempenho inferior ao normal devido a situações de estresse decorrente da pressão de um processo de seleção. De acordo com Lanaro Filho e Böhme (2001) para ser um talento, não são importantes somente as características físicas individuais do atleta, mas também o contexto geral que esse atleta será trabalhado, desde o grupo em que ele será inserido até a forma que ele será tratado e treinado. Aspectos psicológicos como estresse, motivação, procura e gosto pela modalidade, não são levadas em consideração como deveriam.
Segundo Weineck (2000), a performance do jogador de futebol é determinada por várias habilidades, capacidades e qualidades que se completam de modo interdependente. As qualidades físicas representam um pré-requisito para a performance técnica, tática e psicológica.
O processo de universalização do desporto proporcionou um grande desafio a todos os educadores, pais, pessoas ligadas de uma forma ou de outra ao esporte. A criança e a necessidade de rendimento com a possibilidade de profissionalização cada vez mais precoce. É inegável a contribuição do desporto para a formação da criança e do adolescente em diferentes aspectos tais como: cognitivo, motor, psíquico, social, afetivo. Relação prática esportiva, particularidades inerentes a cada desporto, rendimento possível e possibilidades e estágios de desenvolvimento e maturação biológica da criança e dos jovens. Para ROWLAND (2003) apud Bergamo (2003), existem várias dificuldades para uma melhor compreensão das respostas fisiológicas ao exercício, no caso de crianças e jovens além da necessidade em estabelecer-se uma relação entre as variáveis durante o processo de crescimento. A indução a possíveis erros na formação do futuro atleta surgem na medida em que a grande maioria de professores e técnicos não são capazes ou não se preocupam em respeitar as individualidades biológicas, nem dar o devido tempo de preparação para o desenvolvimento técnico, já que as competições para essas categorias são organizadas segundo a idade cronológica.
Csikszentmihalyi, Rathunde e Whalen (1997) apud Vieira (2001) apontam três elementos fundamentais que devem caracterizar um talento: a) traços individuais: em parte inerentes e em parte desenvolvidos com o crescimento da pessoa; b) domínios culturais: referem-se aos sistemas das regras que definem a frequência de performance como significante e valorosa; c) campo social: pessoas e instituições cuja tarefa é decidir quando uma certa performance é considerada de valor ou não.
Sendo assim, sugere-se que outros estudos sejam realizados com o intuito de conciliar o processo de detecção e seleção de talentos proposto pelos teóricos com os aplicados na prática. Não se pretende com este trabalho prever futuros campeões, mas aumentar o leque de oportunidades para aqueles que realmente reúnem as condições essenciais para tais modalidades.

sábado, 19 de novembro de 2011

A formação de valores do futuro desportista, qual o verdadeiro papel da escola?

Analisando o esporte e sua relação com o ambiente escolar, nos deparamos com uma situação polêmica que gera um desconforto entre muitos teóricos da Educação Física. Enquanto disciplina escolar presente na formação básica, essa disciplina carrega consigo uma grande responsabilidade sobre valores, objetivos, conflito este que se origina na sua entrada no ambiente escolar. Entre os postulados que regem o esporte, considero o fair play que se encontra vinculado ao aspecto da ética, talvez seja o que melhor traduz que: perder é possível, desistir não. Quando damos o melhor e perdemos ficamos satisfeitos, penso que seja a base da formação e a justificativa da presença do esporte na escola.
A educação pela reciprocidade faz com que a formação individual ocorra sempre em função do grupo e do adversário, a prática esportiva escolar se confirma somente com a presença deste conflito e do respeito entre as partes. No papel do oponente, o respeito aflora e surge o entendimento de que o vitorioso e o derrotado são condições instantâneas inseridas no cenário esportivo, e que podem mudar de posição em pouco tempo, sem o adversário, a prática do esporte torna-se impossível.
Embora as palavras treinar, competir, vencer, estejam sempre presentes no cotidiano daqueles que praticam esporte ou que o vislumbram como grande possibilidade de sucesso, a educação não pode ser orientada pelo paradigma que simplesmente dá ênfase apenas a eficiência (Gadotti,1997). Ele diz que a educação é muito mais do que a instrução, no entanto, não podemos abrir mão da mesma e cairmos em uma condição do famoso “rola-bola”.
Com Freire (1992), encerro essa análise quando este se refere a competição entre crianças defendendo que os professores realmente preocupados com o desenvolvimento das características humanas ao invés  de tentar eliminar o caráter competitivo das competições deveriam buscar compreende-lo e utilizá-lo para refletir as relações. Partindo de suas idéias parece ser mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do que nunca ter competido.
O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele. Immanuel Kant

Para ler mais sobre o assunto recomendo:
FREIRE J.B. Educação de corpo inteiro: teoria e pratica da educação física. 3º edição São Paulo: Scipione, 1992.

DE ROSE JR, Dante. A criança, o jovem e a competição esportiva: considerações gerais. In: DE ROSE JR, Dante (organizador). Esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2002.

domingo, 23 de outubro de 2011

Esporte deveria ser atalho para a saúde

Continuamos a nos comover com as mortes de jovens aparentemente saudáveis durante atividades esportivas que são um triste paradoxo. Apesar de ser rara, a morte súbita em atletas causa um grande impacto emocional em toda a sociedade, principalmente quando a vítima é um atleta jovem, as repercussões sociais são imediatas na maioria das vezes, é preciso cuidar para que outros jovens atletas e suas famílias não se afastem do esporte, pois esta não seria a melhor opção.
Essa semana todos os amantes do esporte da cidade de João Monlevade se questionam sobre o que teria acontecido com o nosso jovem atleta Diego, garoto amante inquestionável do esporte, com bola sempre foi sua paixão e mais recentemente o atletismo. Tive a oportunidade de conviver alguns anos com essa figura amável, um garoto sensacional, simples e grandioso pela sua dedicação com a mesma humildade independente do resultado. Desportistas como Diego sempre vão deixar saudades, como diziam as crianças da escola “aquele grandão faz gol demais” rsrsrs... Sua eterna contagem de medalhas também vai fazer falta, jamais me deixava passar por ele na rua sem me cumprimentar e me dizer como estavam as conquistas de suas medalhas. Como me emociono ao pensar nesses momentos e me questiono sobre como situações como esta poderiam ser evitadas? Melhor estrutura nas organizações de eventos? Maior e melhor acompanhamento dos serviços de saúde, talvez um acompanhamento diferenciado a esses que se dedicam gratuitamente a elevar o nome da nossa cidade.
É preciso rever algumas questões!
Sei claramente independente de Prefeito, de partido, da dedicação inquestionável do Prof. Wagner Moreira (coordenador da secretaria de esportes) na verdade ele deveria ser o secretário, se não fossem as questões do partido, deveria ganhar muito mais do que ganha por tamanha dedicação, mas isso é outra discussão, para outros amigos blogueiros.  
A dedicação dos técnicos, das equipes de apoio, é outro ponto que não pode ser questionado, mas é preciso pensar em ampliar o leque de ofertas a esses “meninos”, as estruturas dos espaços para treinamento, capacitações aos técnicos e atletas, mas um melhor controle da saúde deles é algo que me incomoda há anos. Seguramente, somente a avaliação médica competente de pré-participação pode detectar os possíveis problemas cardiovasculares de risco para morte súbita na prática físico/esportiva. Difícil pensar nisso em um país como o nosso? Impossível pensar nisso em uma cidade que passa por tantas dificuldades na administração dos recursos públicos, por incontáveis e injustificáveis motivos; crise, inexperiência, falta de recursos? Saúde pública em nosso país é um problema eterno, mas os nossos desportistas precisam melhor amparo antes que outros jovens se afastem ou estejam submetidos a situações de risco na sua prática inocente. 
As principais causas apontadas pela literatura especializada são as cardiovasculares e as traumáticas. A avaliação clínica especializada de um atleta antes da participação esportiva pode contribuir para detectar alguns fatores de risco e, nestes casos, uma avaliação cardiológica mais completa se faz necessária. A prevenção da morte súbita em atletas jovens pode ser possível com uma adequada abordagem médica profissional nestes indivíduos. Segundo Baptista et al. (2008) faz-se necessário um maior envolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, Sociedade Brasileira de Cardiologia e outras sociedades interessadas na elaboração de um protocolo, a nível nacional e compromissado com a nossa realidade, voltado à população de crianças e adolescentes para uma prática esportiva segura e tão necessária, servindo como base e anteparo de orientação ao profissional envolvido. Sabe-se que, a longo prazo, o sedentarismo mata mais do que a prática esportiva, portanto, é necessário incentivá-la já na infância e de forma saudável e segura, para que aqueles nesta população, com aptidão esportiva definida para determinada modalidade ou esporte competitivo, sejam encaminhados a profissionais devidamente capacitados. Vale sempre ressaltar que a prática de esporte deve ser o caminho para uma vida melhor, e não um atalho para a morte. 

Quem sou eu

Minha foto
Formado em E.Física pela U.F.V.(95), especialista em treinamento desportivo (UGF/02), Mestre en ciencia del deporte (Facultad de Cultura Fisica de Matanzas-Cuba/2011). Apaixonado pelos estudos e investigações que envolvem as Ciências do esporte. Coordenador Técnico da Bioforma Academia & Personal Trainning ( João Monlevade). Professor da E.M. Cônego J. Higino de Freitas.